Confira abaixo a entrevista com o designer Rodrigo Silveira.
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Onde se aprende mais, na faculdade ou marcenaria?
São duas coisas distintas, e que se complementam. A técnica que se aprende na vivência dentro de uma marcenaria não adianta de muita coisa se não se tem o conceito, que é aprendido na faculdade e com referências. Sem um olhar crítico, qualquer pessoa com uma boa técnica de marcenaria seria um bom designer, mas na prática vemos que não é bem assim.
Qual o caminho para a criação?
Tenho duas formas de trabalhar, uma é olhando o pedaço de madeira, eu vejo nele as possibilidades que tenho para um projeto e me adéquo. A outra é a partir da necessidade de um cliente ou de um conceito prévio. Resolvo todos os problemas em projeto para depois passar para a madeira e adequá-la ao projeto.
Quantas pessoas trabalham com você em um projeto, em média?
Por enquanto trabalho sozinho, desde projeto até execução.
Você utiliza apenas madeira em suas criações? Existe algum trabalho com outro material? Pensa em produzir algo assim?
No projeto ORodrigoQueFez, eu utilizo apenas madeira como matéria prima.... mas meu trabalho não se resume a ele. Como designer, experimento sempre materiais. Em mobiliário, uso principalmente madeira e metal, já em um trabalho experimental com jóias, tenho utilizado outros materiais, como metais preciosos, pedras e seda (é um trabalho que faço em conjunto com a designer Camila Lovisaro). Para o ano que vem, lançarei mais um site, com todos os outros objetos que produzo ou já produzi.
Na criação do banco #7 de Ipê Branco, você cita que o material foi retirado de um tronco de árvore que já estava caído. Como fica a questão ecológica em seus trabalhos? Como unir qualidade com respeito ambiental?
Os valores com os quais trabalho fogem de formas de construção tão "maciças" como o banco #7. Mas acredito em exceções. No caso dele, a árvore estava caída e a maior parte dela já podre. Conseguimos tirar um pedaço daquele tamanho do banco, e como é uma madeira muito difícil de trabalhar, e ainda por cima não tenho recursos de serraria (oficina que transforma um tronco de madeira em pedaços como pranchas, tabuas, ripas...) trabalhei em cima dela com o mínimo de cortes e ferramentas possíveis, tanto que, se você pensar no seu formato, ele é quase puro. De qualquer forma, ele é um banco que tem "vida" e as pessoas sentem isso... como ele, ainda estão por vir outros modelos trabalhados da mesma forma.
Hoje o designer que trabalha com madeira, é obrigado a respeitar sua fonte de recursos, trabalhando primeiro com madeira certificada (sem a certificação da madeira você não consegue exportar nenhuma peça), depois no meu caso, muitas vezes com madeira que não é utilizada pra outras finalidades (como indústria de móveis). Simplificando, eu pego muito resto de madeira dentro de marcenarias por aí, restos que iriam para o lixo, pelo seu tamanho e forma. Esses valores são essenciais para o meu trabalho. Tanto que na maioria dos meus bancos vêem-se formas simétricas e complementares. Assim nada, ou quase nada, vai pro lixo.
Você trabalha com o contato direto com consumidor. É a melhor forma de trabalho para um designer?
Não tomo isso como regra. No meu caso o trabalho direto com o consumidor foi uma forma de entrar no mercado e ganhar um valor que acho justo para mim, e na outra ponta, para o consumidor. Tendo a loja como revendedor, a margem de lucro deles é grande, então eu teria que baixar o meu valor para conseguir um preço acessível para o consumidor. Mas isso pode ser uma medida momentânea, acho que daqui pra frente isso tende a ficar melhor pro designer, pois as lojas dependem da criação deles. E, na medida em que formos mais reconhecidos como bons designers, principalmente fora do Brasil, isso deve mudar.
O design popular de grandes redes de varejo tem se deteriorado muito nos últimos tempos. É somente a falta de investimento em bons projetos por parte dos empresários ou vivemos uma fase menos sofisticada?
É difícil colocar a culpa em alguém... Tudo varia de acordo com o orçamento que temos para produção (que no caso de grandes lojas é reduzido mesmo). No caso de grandes redes, em minha opinião falta referência (de lojas parecidas fora do Brasil, por exemplo), e principalmente pioneirismo, em apostar em gente nova e com sede de inovar. Elas hoje estão reféns dos departamentos de marketing que ditam o que tem que ser feito. O grosso do investimento acaba indo para divulgação e não para o desenho, conseqüentemente falta qualidade... para o designer isso é muito ruim, mas para as redes, esse esquema tem se mostrado muito rentável.
Below the interview with the designer Rodrigo Silveira.
The link to the site-shop here.
Where to learn more in college or carpentry?
Are two different things, and that complement each other. The technique is learned through experience in a joinery does not help much at all if you do not have the concept, which is learned in college and with references. Without a critical eye, anyone with a good technique of joinery would be a good designer, but in practice we see that is not so.
What is the path to the creation?
I have two ways of working, one is looking at the piece of wood, I see in it the possibilities I have for a project and me to be appropriate. The other is the need of a client or a prior concept. I resolve all the problems in the design and then go to the wood and make it suitable to the project.
How many people work with you on a project, on average?
For now work alone, from design to implementation.
You use only wood in your creations? There is some work with other material? Think of producing something?
The project MadeByRodrigo, I use only wood as raw material.... but my work is not it. As a designer I always have material. On furniture, use mainly wood and metal, as in experimental work with jewelry, I have used other materials such as metals, precious stones and silk (it's a work I do in conjunction with the designer Camila Lovisaro). For next year, will send another site, with all other objects that produce or has ever produced.
In creating the database # 7 of Ipê Branco, you quote the material was taken from a tree trunk that had been dropped. How is the ecological question in their work? How to connect quality with respect for the environment?
The values I work with fleeing forms of construction as "massive" as the bank # 7. But I believe in exceptions. In his case, the tree had fallen and most of it already rotten. We got a piece of that bank size, and it is a very difficult wood to work, and moreover not afford sawmill (workshop that turns a wooden trunk pieces and boards, boards, slats worked...) on top of it with minimal cuts and tools possible, so that if you think on your format, it is almost pure. Anyway, it is a bank that has "life" and people feel it ... like him, are still ahead of other models worked the same way.
Today the designer who works with wood, is bound by its source of funds, working first with certified wood (without the certification of wood you can not export any number), then in my case, often with wood is not used pra other purposes (such as industry bodies). Simply put, I borrowed a lot of rest in a wooden joinery around, debris would go to waste, for its size and shape. These values are essential to my work. So much so that in most of my bank to see if forms symmetrical and complementary. So nothing or almost nothing, go to waste.
You work in direct contact with consumers. It is best to work for a designer?
I do not take this as a rule. In my case, working directly with the consumer was a way to enter the market and earn a fair value I think for me, and at the other end to the consumer. Since the store as a retailer, the profit margin of them is great, then I would have to lower my value to achieve an affordable price to the consumer. But this may be a momentary measure, I think from now on it tends to be better for the designer, because the stores depend on their creation.And as far as we are more recognized as good designers, especially outside of Brazil, this must change.
The popular design of large retail chains has deteriorated badly in recent times. It is only the lack of investment in good projects by entrepreneurs or live a less sophisticated stage?
It's hard to put the blame on someone... It varies with the budget we have for production (in the case of large stores is reduced even). For large networks, in my opinion no reference (like stores outside of Brazil for example), especially pioneer, betting on new people and thirst for innovation. They are now hostages of marketing departments that dictate what has to be done. The bulk of the investment falls to release and not for the design and consequently quality... for the designer that is very bad, but for the networks, this scheme has proved very profitable.